Wednesday, October 31, 2012

Divagações


Três mil horas de cansaço depois, eu navego esse descanso de tela. Quadrados quais as quadras de Brasília, ilha abstrata, arquipélago de mentiras.

Eu sonho os ipês, contos de fadas resgatados das minhas memórias. E apago a secura das minhas ventas com mais um gole d'água. O anúncio do resgate de minha alma valida a intenção do resgate? Eu sinto que poderia me perder, criando uma realidade diversa da "realidade". Não como louco, mas como gênio. Genial criação de mim mesma. Personagem que ganha vida. O alter ego desfilando para sempre pela MINHA vida!

Me suga, vida. Mas também me regenera, que o agora me espera, e o tempo não dorme no ponto. E seria muito simples terminar com ponto. Quero ver é começar com vírgula*!

*Clarice Lispector inicia seu romance A paixão segundo G. H. com uma vírgula.

Friday, August 31, 2012

Poeminha


Meu coração é uma taça de vinho
Transbordando de amor pelo mundo
E eu me entrego ao prazer da contemplação da lua,
Que se desnuda nesse céu de Brasília,
Avião do Planalto

E quando pensei que me perdia de mim,
Foi mesmo que me encontrei
E acaba que os sonhos renascem,
Mesmo depois de pisoteados,
Insistentes como a flor que brota no asfalto
Eu aceito o amor que morre e renasce,
Porque a quimera da existência é a crença no agora
Se se pode morrer a qualquer hora,
Que o instante seja minha dádiva.

Friday, August 24, 2012

De leite

Eu adorei cada segundo de você
Cada pedacinho de pele que ainda não toquei
É que me senti de matéria próxima da tua
Dos que acariciam qual pluma
Porque agrada o suave deleite da tez,
O contemplar tátil: como vinho sobre as papilas
Inebriando minhas pupilas
Meus dedos dispostos a devanearte
Arte, arte, arte...
Minhas mãos dispostas a desbravar-te
Cada palmo de pele na palma da mão passada,
Uma massagem
Pra terminar, uma canção
Pra plantar sonhos na imaginação

Wednesday, August 22, 2012

Do aprendizado


Eu posso escancarar todos os teus segredos, e ainda assim não te conhecer. Eu posso te invadir e não te conquistar.
Então percebo que o que importa é mesmo o querer bem, o aproveitar sua companhia, de seu caminhar ao meu lado.
Eu vou por esse caminho, você pelo de lá.
A bifurcação já aconteceu.

Agora posso, aos poucos, descarregar esse peso das minhas costas.
Posso olhar pra frente, gradativamente voltar a me encarar.
Eu aprendi uma lição: seu espaço não me pertence
(Mesmo se seu amor me pertencer)
Amor começa com respeito.

Thursday, August 16, 2012

Libertar-se

Eu lembro que abri as janelas
E havia uma chuva leve
Tudo tão distante, menos eu e o quarto
Eu ocupo o quarto desde sempre
Eu nasci quando o quarto nasceu
Depois vieram as janelas
E a chuva.

A chuva que batia nas janelas,
Soluçava solitária sufocando a solidão
Aumentava, diminuía, não cessava
Eras a fio

Um dia abri as janelas e a chuva
Ah!
A chuva molhou meu rosto
E eu já não podia trancar nada

Wednesday, August 08, 2012

Tão mais fácil amar sem dia a dia.
Eu te amo em poesia.
E assim que a coisa apertar você vai embora
e seguimos nossas vidas sem o peso de amar...
quer dizer eu te amo eternamente.
Você aí e eu cá.

Lembrança de bons momentos em casa

http://www.youtube.com/watch?v=lVEs21qYSyQ

Sunday, July 08, 2012

"Coisa mais bonita"

Em lembrar dos seus cabelos, meus lábios desabrocham o sorriso. E vem o cheiro de sua pele, sorrateiro, entre memórias se esconde, e me pega de surpresa. Fecho os olhos, e as meninas dos seus olhos bailam à minha frente. Essa noite só termina quando seu dia vem me aquecer, pois sonhando como estou, posso até voar.

Noite me nutre, navego no negro, nas nuvens. Estrelas ao longe, há muito sumidas, ainda a cintilar, enfeitam o céu pra mim e pra você, luz em nossa jornada rumo a nós mesmas. O eco da sua presença "desintegra e atualiza a minha presença".

Em meio a tantas palavras escorrendo, meio sem jeito pelas teclas. Inebriada de vontade de você, eis-me suando a febre desse sentimento imenso, intenso. Tudo é muito mais complexo, e no entanto é bem simples. Eu seguro a sua mão, se você tiver medo. Você me diz pra seguir em frente. E vivemos em busca no presente do instante que é sempre agora, e que pode, sim, ser belo, verdadeiro e puro. Pode ser amor.

Friday, July 06, 2012

À queima roupa

Adentra meu corpo o intangível, invisível. Penetra e não rasga. Vai fundo. Meus pés também penetram o mundo. Meus pés, a parte extrema do corpo. Minhas mãos e minha cabeça são partes extremamente sensíveis. O estreito do meu peito também. É exatamente aí que esse intangível sentimento pára.

Foi de olhar nos seus olhos, e eles não me olharem de volta. O intangível toma forma e dilacera. Dói e me dá forças de erguer os olhos e encarar a mim mesma. Olha o que você quebrou! Era lindo e era pra você. Agora não sei mais como colar, nem você. E desta vez foi a ausência. As palavras poderiam nos salvar, mas você nem as deixou vir aos olhos direito.

Thursday, July 05, 2012

Enquanto havia a lua imensa eu nem sabia de mim. Ela surgiu no horizonte e o tempo também parou para admirá-la. Ela nem sabe que estamos na Pós-Modernidade. Ela nem sabe que sujeito é mais atual que indivíduo. A lua simplesmente dança ao nosso redor, escondendo sempre o mesmo lado. O lado de lá é sempre o lado de lá.
Eu não sou assim, lua. Eu quero que todos os meus lados tomem sol, e que possam ficar na sombra também. Eu quero hidratar a minha pele, meu cabelo. Matar a sede da minha alma, dos meus ouvidos. Um pouco d'água pros meus desejos, mas essa a gente joga por cima, pra acalmar o fogo. Porque muita vez quero fazer piruetas pelo ar, como quando estou apaixonada. Como quando danço enamorada.

Wednesday, July 04, 2012

"Tudo em volta está deserto"

Era quase duas. Era talvez mais. Metade de mim já estava no chão e a outra metade sussurrava umas palavras débeis. Eu nem sei de onde veio, mas o que me atingiu foi como um soco no oco do meu peito. Eu já não ouço o zumbido no meu ouvido das conversas secretas. Apenas a poesia escorrendo numa hemorragia descontrolada como meu desejo de parar tudo e apagar o que me ataca.
Num fluxo descompassado os versos vão se liquefazendo à minha frente sem que tenha forças de apanhar o que se quebrou. Foram aqueles olhos. Eu achava que desta vez era de verdade, e era pra vir uma coisa maior e mais bonita. Eu acho tantas coisas, que deve estar na hora de eu me perder. Perder de mim e dos outros.

"Ela comeu meu coração
Trincou, mordeu, mastigou, engoliu"

Eu não quero mais ter. Eu quero viver por aí. Eu quero que tudo vá pro inferno! E esse meio caminho entre aqui e a felicidade posso percorrer dentro de mim. E tudo pode ser resolvido nos livros de autoajuda. E onde está a solução para os meus dilemas? Onde encontro sinceridade? Por que está com essa faca no meu peito? A faca virtual do desejo que corta minha pessoa. E as palavras não têm culpa, e mesmo assim são elas as culpadas. Não. nem elas, mas elas!