Saturday, December 30, 2006

[Fim de Ano]

Esta é a segunda vez na minha vida em que estou fora da minha cidade natal durante as comemorações de fim de ano. Espero perder as contas algum dia, assim como espero perdê-las dos meus anos. Mais um ano, mais um trecho da estrada da vida para ser percorrido. Alongar as asas e voar rumo a um futuro em parte incerto.

Vejo todas as pessoas tomadas por um espírito de recomeço, é hora de perdoar-nos uns aos outros, presentear-nos uns aos outros. Todos sentimos essa vontade de sermos bons. Será porque, quando crianças, aprendemos que, se não formos bonzinhos, não seremos recompensados com o presente de Papai Noel? Ou existe realmente o "Espírito de Natal"?

Passei anos sem dar valor às comemorações de fim de ano. Pensava-as como mais uma das artimanhas do comércio. Tudo bem, são coisas do mundo como ele é: o Capitalismo engole tudo, depois embala e vende. Mas há algo de verdadeiro nesta passagem de um ano para outro: Renova-se a esperança! Talvez seja esse acreditar que tudo vai mudar e dar certo, que mexa com as pessoas.

Entremos no compasso: Façamos planos (alguns serão executados, outros, esquecidos), desejemos o melhor para todos, respiremos fundo esse ar impregnado da crença de que o futuro próximo nos traz uma nova chance. Afinal, essa "fórmula" vem dando certo até hoje. Desejo a todos (a mim, inclusive) FELIZ ANO NOVO!

Wednesday, December 20, 2006

[Soneto da primeira noite]


Cerra teus olhos, cede ao sono que já demora,
Abriga-te sob minhas asas,
Esta noite serei tua casa,
Serão minhas, nossas próximas horas;

Meu corpo cansado repousa ao teu lado,
O dia entrando pela janela
Devagar, que coisa mais bela,
A manhã brotando nos teus cabelos dourados;

Brincam-me estes sonhos tortos de exaustão,
Jaz minha alma entregue à contemplação,
E teus olhos amanhecem os meus tétricos;

Teu acordar, que não há mais poético,
Inunda-me de um torpor anestésico.
Tua presença ardendo... como um verão...

Saturday, December 16, 2006

Pelas Entranhas da Capital

Esta noite foi comprida e doce
Uma realidade transplantada nos acolhia
Então, a coruja branca, como que em um tranpolim
Salta de um galho e estraçalha o silêncio da noite
Num farfalhar de asas...
Um segundo depois: luz, música, suor

Quadras esquadrinhadas por passos
Tantos quantos agüentarem suas pernas
Brincamos, crianças na madrugada
Pousamos após horas na sala
Assistimos ao sol invadindo tudo
E dormimos profundo.

Friday, December 08, 2006

[O tempo é relativo]

Nem sei bem como começou, mas sempre que penso no que aconteceu, recordo-me (e juro que me sobe um frio pela espinha) de virar pra você, no banheiro, trancar a porta e beijar sua boca.
Não, não foi tão rápido assim.
Trancar a porta. Encostar você contra a parede. Passar uma mão pela sua cintura. A outra, por entre seus cabelos. Entreabrir os lábios. "Hálito doce", penso eu.
Minha língua e a sua.
Meu corpo e o seu.


O beijo é um ato de entrega.

Wednesday, December 06, 2006

[Quando começa e onde termina?]

Eu olho no espelho e me pergunto por que não chego a lugar algum. Por que simplesmente não disparo correndo em alguma direção. Falta de talento? Com certeza não! Talvez uma certa facilidade de desviar a atenção dos objetivos. Tardes inteiras desperdiçadas na UFPB são a prova maior disso.

Este é o último mês do ano, e resolvi dedicá-lo a mim mesma. Abrir mão de varar as madrugadas, em troca de manhãs de sol. Caminhadas, passeios de bicicleta. Estudar. Afinal, a noite é a mesma desde que me lembro. Pessoas, músicas, o que produzem em mim é tão fugaz. Não que seja ruim, ou que eu nunca mais caia na gandaia. Apenas opto agora por saúde, uma boa noite de sono.

Engraçado é que algumas pessoas entraram recentemente na minha vida, e o contato com elas me fez enxergar o óbvio. Somos fruto daquilo que plantamos em nós a cada dia. Obrigada pelas lições, e por terem me dado tanto (dessa coisa boa, que quanto mais damos, mais temos pra dar).
Obrigada B, R, L, S, J (só as iniciais, basta?).

Friday, December 01, 2006

O primeiro texto que escrevi de forma poética, literária, começava com "Adão nasceu da flor, da primeira flor da primavera..." Esse texto se perdeu no meio de tantas mudanças. Mas outro dia, consegui tomar de um tio meu, um outro que escrevi aos 11 anos. Aqui transcrevo exatamente como está escrito no papel:
" O meu eu

Eu sou como uma parte da história esquecida, sofrida, um velho papel escrito apenas com hieroglifos, cujos homens ainda não encontraram explicação de tal existência, pois não há um só ser que seja tão incompreendido em todo o universo.
Sou a parte esquecida do mundo, e, também a parte que está rasgada, cortada ao meio, um ser inesplicável, que não deveria existir, porque os homens são nobres e eu não sou portadora de tamanha nobreza, sou um pedaço de papel rasgado que nele está escrito palavras que os homens jamais conseguirão explicar, sou a parte da historia rasgada e açoitada pelo vento e pelo tempo.
Fui rasgada pelos trilhos da vida e por onde eu andava ouvia zombos de pessoas, animais, e, tudo e todos zombavam de mim e eu olhava para traz e via meu rastro de sangue e de lágrimas.
Talvez um dia alguém siga o meu rastro de sangue e lágrimas.


Michelle Caroline Silva Nogueira
em 17/11/89

aos meus 11 anos
terminei de escrever às 17:54 HS (horário de verão)"

Acho que vou escanear e exibir a imagem, pois é tão bonitinha a minha letrinha de criança...

Tuesday, November 28, 2006

Eu vivo entre as quatro paredes da minha mente,
Como um rato encurralado na questão
Do ser o não-ser, aqui, assim ou não,
De mãos atadas, pés feridos no universo inconsciente;

Esvazio meus pulmões, alivio minhas costas da mão,
Pois o peso que carrego cabe exatamente
Nas perguntas de um bêbado demente,
Primazia de súplicas infelizes, equilíbrio da razão;

Enquanto eu for apenas um pesadelo ausente,
De mim, sendo eu só uma fração,
Saberei que, mesmo na contra-mão,
Ainda estou aqui, bruta poesia indecente;

Deixo para trás minha imaginação,
Um rastro de palavras, uma enchente
De letras e lágrimas, uma teia saliente,
Armadilha de dor e de ilusão;

Mas tenho ainda a mão fremente,
Ávida, a mente doma a canção
Da vida, inútil busca da perfeição,
Fronteiras do homem... desesperada mente.

20/09/99

Monday, November 27, 2006

Teus olhos de mar
Teus olhos de amar
Teus jogos de armar
Teu fogo no ar
Tudo só desejar
Teu corpo, meu lar
Tudo... só imaginar!


fev/2006

Tuesday, November 21, 2006

Aquelas duas últimas semanas haviam sido péssimas, e eu sem entender o porquê. Até que, como que num passe de mágica, percebi que chorava uma morte e um nascimento. Algo em mim morria, para dar origem a uma pessoa diferente. Mais uma vez eu passava por uma transformação brusca. Isso é normal? Eu me pergunto. E já estou me respondendo: O que importa é que funciona! É assim que a minha balança interior equilibra.

Passa-se tanto tempo entre uma crise e outra, que esqueço o seu modus operandi, e me assusto, com medo de estar desenvolvendo algum mal psicológico. Momentos em que fico totalmente blasé, outros em que tudo me toca. É uma espécie de TPM em dose tripla. E nos momentos de reflexão, imaginando o que há de errado comigo, termino por encontrar pedacinhos de mim, que eu nem sabia que existiam. É quando percebo que esse é o momento de me livrar de algum lixo guardado aqui dentro. É hora de olhar o monstro nos olhos, mesmo sentindo dor.

Depois que renasço, experimento olhar o mundo com esses novos olhos. Tudo com o qual entro em contato provoca sensações novas. Eu não me reprimo diante disto, deixo que cada parte do meu corpo seja percorrida por elas. Há até coisas que eu abominava, e , após uma transformação mais íntima, passo a gostar tanto, que nem entendo como vivia sem aquilo.

Tenho medo de perder essa criança que carrego comigo, porque me mantém mais perto do divino, e essa pureza, não a quero perder. Mas também não posso deixá-la tomar conta de mim, esse momento já passou. Quando se tem a responsabilidade de trilhar o próprio destino, amigos, trabalho, lazer, estudos, tudo assume um outro valor. Afinal, são as escolhas que fazemos que determinam aonde chegamos.

Sunday, November 19, 2006

Estava num dos meus devaneios, pensando numas coisas que eu falava muito, e que parecem não estar mais presentes em mim, uma delas me chamou a atenção, por ser marcante, é que eu dava amor com muita facilidade, eu era uma pessoa extremamente tolerante. Pensando nisso, lembrei do que mais acredito da doutrina cristã, e acabei percebendo que muitos anos se passaram, mas o mundo continua não enxergando a mensagem suprema, que o caminho, a verdade e a vida é o amor!

Não é tão simples quanto parece, amar universalmente. Li um texto esses dias, que falava do preconceito contra os menos capazes. O exemplo utilizado para ilustrá-lo, era uma típica situação de trânsito, em que o motorista lento, que ocupa a pista da esquerda, nos tira a paciência. Nesses momentos, você desperdiça energia vital, sentindo ódio? Traz maus fluidos para o outro, mas também pra você! Arruina a saúde (um dia, pode ter certeza, você sente sua importância). Tem gente que desenvolve gastrite, úlcera, problemas na pele... Tudo isso porque não consegue canalizar as emoções. Amor é do bem e faz bem! É clichê, mas é válido.

Conheço quem não consegue praticar o amor em seu nível primeiro, o amor próprio. Não é aquele amor que nos faz egoístas, em que nos enchemos de mimos. Falo de se descobrir, se conhecer profundamente, para amar cada parte de si. Outra coisa é transformar-se em alguém melhor do que se é. Pequenas mudanças podem gerar grandes evoluções.

Quando a gente gera em torno de nós só energias boas, parece que mais portas se abrem. Como quando a gente está com os amigos, a conversa fluindo gostosa, olhamos nos olhos uns dos outros, e sentimos uma onda de amor, uma troca tão boa, a gente fica ainda algumas horas envolto numa nuvem de alegria, que parece contagiar os acontecimentos seguintes. O bem só atrai o bem. Viva o amor!!!

23/10/2006