Tuesday, November 28, 2006

Eu vivo entre as quatro paredes da minha mente,
Como um rato encurralado na questão
Do ser o não-ser, aqui, assim ou não,
De mãos atadas, pés feridos no universo inconsciente;

Esvazio meus pulmões, alivio minhas costas da mão,
Pois o peso que carrego cabe exatamente
Nas perguntas de um bêbado demente,
Primazia de súplicas infelizes, equilíbrio da razão;

Enquanto eu for apenas um pesadelo ausente,
De mim, sendo eu só uma fração,
Saberei que, mesmo na contra-mão,
Ainda estou aqui, bruta poesia indecente;

Deixo para trás minha imaginação,
Um rastro de palavras, uma enchente
De letras e lágrimas, uma teia saliente,
Armadilha de dor e de ilusão;

Mas tenho ainda a mão fremente,
Ávida, a mente doma a canção
Da vida, inútil busca da perfeição,
Fronteiras do homem... desesperada mente.

20/09/99

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